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IA, 5G e estabilidade: Telecom emerge para 2024 como setor de destaque no Brasil

*Alessandro Buonopane
Em um ano de muitos ajustes de rota em diversos setores, as telecomunicações mantiveram a sua perspectiva de crescimento no período. O setor, peça importante na engrenagem de tecnologia e inovação em todo o mundo, sinaliza para um 2024 de maior estabilidade – sobretudo no Brasil –, e com espaço para a chegada de novidades a bordo da Inteligência Artificial (IA) e do Open Telecom, tema este que ainda estamos tocando apenas a superfície.
Dados da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais) apontaram que o Telecom atingiu 10,3% de crescimento no ano passado, o que representa a marca de R$ 277,7 bilhões. Outro dado para referendar as perspectivas otimistas veio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontou subida de 0,7% no segundo trimestre deste ano e 3,8%, em relação ao mesmo período de 2022.
Tais resultados estão e muito atrelados ao mercado nacional móvel de telecomunicação, de banda larga e à expansão do 5G, conforme indicou um recente relatório da Fitch Ratings, uma das três maiores agências de classificação de risco do planeta. No documento, que analisa o panorama do Telecom no Brasil e na América Latina, a redução de empresas nacionais de quatro para três (com a venda da Oi Móvel entre Vivo, TIM e Claro) trará estabilidade em 2024. Para o cliente, há a expectativa de redes mais constantes, rápidas e com melhores conexões com múltiplos dispositivos.
No cenário brasileiro, as sinergias pós-fusões (M&As) para garantir eficiências de operação são protagonistas, e junto ao novo segmento de mercado focado em infraestrutura com oferta de conectividade as a service (CaaS), permitirá às empresas de Telecom otimizar os seus investimentos em infraestrutura e melhora os seus lucros. Para o consumidor, teremos sob os holofotes a procura por alternativas que atendam a alta demanda de conectividade, e maiores exigências de baixa latência para atender o mercado Smart. Tanto para pessoas físicas quanto jurídicas, existe a busca por altíssimos níveis de disponibilidade, a qualidade de atendimento, além da simplificação do ecossistema tecnológico, a fim de alcançar a competitividade.
Estamos diante de uma tendência das lideranças de mercado de Telecom efetuar um salto em suas estratégias de negócio, ofertando serviços agregados e digitalização de serviços para melhorar a experiência de seus clientes. É aqui que entra a IA como peça importante para as companhias, sejam as operadoras ou seus fornecedores de serviços associados. Peça central em múltiplos setores da economia e dos negócios, essa tecnologia também fará a diferença para as empresas de Telecom que pretendam colocar o usuário no centro das suas operações.
Diante do amplo volume de dados envolvido no ambiente das telecomunicações, grandes modelos de linguagem (LLMs) que dão base a plataformas como ChatGPT, Amazon Q, Google Bard, Midjourney, entre outras, poderão fornecer análises de comportamento, gerando leituras preditivas estratégicas, para então otimizar ofertas personalizadas e de acordo com o que cada cliente busca, seja um novo plano de Internet fixa, de telefonia móvel, de streaming ou TV por assinatura.
A utilização da IA no ambiente Telecom permite vislumbrar novos modelos de negócio, associando-se a outros setores da economia como o financeiro, de seguros, saúde e educação, ofertando serviços para regiões remotas do Brasil e trazendo oportunidades para áreas com limitações de infraestrutura. Para quem se preocupa com a segurança, é importante enfatizar a cadeia de ponta a ponta (end-to-end) desde o consumidor do serviço até a infraestrutura da operadora, o que garante seguridade aos dispositivos, à comunicação e a às aplicações, controlando a segurança de acesso aos dados em todo o ecossistema.
Também considero o machine learning e os processos automatizados como tendências de impacto neste ano que se inicia. Cada vez mais, a ideia de livrar colaboradores de atividades repetitivas e de baixo grau intelectual, liberando-os para atuar na curadoria, revisão e criatividade dos processos laborais internos, é referência para todos os setores, e no Telecom isso não é diferente. O desenvolvimento de softwares, com IA embarcada, é um diferencial neste sentido.
Logicamente, a IA não é a única tendência quando pensamos em telecomunicações neste ano. Algo que domino muito bem, a transformação digital por meio da migração para a nuvem, é outra premissa que não pode ser mais adiada, inclusive para operadoras regionais. É uma ação que traz consigo mais capacidade de armazenamento e transmissão de dados, oportunizando a modernização tecnológica derivada no processo de eficiência de M&A, incorporando estratégias de Data Driven intencional para democratizar os dados.
Estamos aqui falando de infraestrutura, que ainda deve levar em conta os investimentos em mais data centers e torres de transmissão, acompanhando a crescente demanda por acessibilidade em todo o país – a lógica do aumento das receitas passa, inevitavelmente, pelo aumento dos clientes particulares e corporativos, inclusive em áreas remotas e de difícil acesso.
Por isso, podemos concluir que o potencial de crescimento é factível e nítido. Entretanto, nem tudo a IA pode resolver, e isto também se impõe como desafio aos executivos e gestores. E, neste sentido, ter ao seu lado uma consultoria capaz de entregar a melhor estratégia para alcançar os seus objetivos e públicos finais, pode fazer toda a diferença. Até porque nem toda oportunidade depende apenas de um algoritmo, não é mesmo?
*Alessandro Buonopane – CEO Brasil da GFT Technologies
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Como marcas conectadas com o presente engajam leads com criatividade, agilidade e propósito

*Tati Wong
Sabe aquela função de ouvir os áudios do WhatsApp 2x mais rápido? Virou vício. A gente não quer só ouvir, a ideia é acelerar tudo. Pular enrolação, ir direto ao ponto, sentir a adrenalina da informação. Vivemos no modo turbo. O tempo encolheu, a paciência também. E nesse mundo de consumo fragmentado e escolhas instantâneas, a atenção virou moeda rara.
Não basta ser bonito ou criativo, é preciso ser rápido, autêntico e afiado. E o Instagram entendeu o recado. Ao liberar a reprodução acelerada dos Reels, ele rompeu com o charme do tempo linear e entrou de vez no clube dos que colocam o controle nas mãos do usuário. TikTok, YouTube, X (o ex-Twitter) e o Facebook já estavam lá, ditando o ritmo.
A pressa virou cultura, segundo a Deloitte Digital (2024), 63% das pessoas sentem que estão gastando minutos preciosos com conteúdos que não tocam, não somam, não dizem nada. E 72% já buscam marcas que falem com clareza, que se moldem ao compasso de suas vidas aceleradas. Mas a pergunta que me faço é: será que ainda sabemos escutar com calma?
O relatório “Digital 2024”, da Meltwater e We Are Social, traz um dado quase melancólico: o tempo médio de atenção em vídeos online caiu para 8,25 segundos. O menor já registrado. O que se pode realmente sentir em tão pouco tempo? Manter o interesse virou desafio para muitas cabeças em poucos segundos. E talvez, no fundo, o direcional seja menos sobre capturar olhares e mais sobre merecê-los.
Será que você ainda está aqui, ou já perdeu a paciência? No tempo em que até os textos disputam atenção como se fossem Reels, manter alguém lendo virou quase um ato de resistência. E nesse cenário, como marcas que vivem de gerar conexões por meio de leads, relacionamentos, fidelidade, podem reagir sem virar só mais um ruído?
Nos projetos que participo busco outro ritmo que une tecnologia, criatividade e inteligência humana em um só compasso. Nossos pilares, que passam por promoções, programas de incentivo, loyalty B2B2C e soluções com IA, não estão presos à escolha entre ser rápido ou profundo. O segredo está em ser relevante com agilidade.
A urgência, quando bem dirigida, pode ser um convite à ação, não um atropelo. Vemos isso acontecer em campanhas com resgates imediatos, interações leves, jogos simples e recompensas rápidas. Tudo isso fala a língua de quem não quer esperar, mas ainda assim quer sentir algo e fazer parte. Nos nossos programas, quizzes com resgate no mesmo dia chegaram a aumentar em 42% a conversão em comparação a jornadas longas e arrastadas.
Gamificar não é só entreter. É criar uma dança entre atenção e desejo. E, no mundo B2B2C, especialmente com públicos hiperconectados, essa dança é o que faz a diferença entre ser notado e ser ignorado.
Rápido nem sempre quer dizer que o projeto é raso. Segundo o Edelman Trust Barometer 2024, 71% das pessoas confiam mais em marcas com posicionamento claro. Quando propósito e recompensa se encontram, como permitir que pontos virem doações ou ações ambientais, o engajamento sobe, em média, 35%.
Aliado a isso, temos a IA, que não substitui a criatividade, ela turbina. Com dados e inteligência, conseguimos criar campanhas hiper personalizadas, como fizemos no setor de alimentos e bebidas, gerando 58% mais participação e 31% a mais no ticket médio.
E se os algoritmos pedem agilidade, respondemos com conteúdo real, rápido e com impacto. Vídeos curtos com parceiros e consumidores mostram resgates, missões e produtos de forma autêntica, e isso gera conexão de verdade. No fim, a pergunta é simples: sua marca fala no tempo do seu público? Construir relacionamento é urgente, e precisa começar com inteligência, propósito e afeto.
*Tati Wong – Diretora executiva da Roda Trade
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Distritos de mídia: o pulsar vibrante das cidades e a transformação urbana inspirado pela Teoria da Janela Quebrada

*Fabi Soriano
Imagine uma cidade que pulsa, que respira modernidade e que convida as pessoas a viverem sua melhor versão. Assim são os distritos de mídia espalhados pelo mundo: Times Square, Piccadilly Circus, Shibuya Crossing, a Free Zone em Seul – verdadeiros ícones urbanos que não apenas refletem a essência da publicidade exterior, mas também revitalizam e redefinem o que é viver em um centro urbano moderno.
Esses espaços são mais do que aglomerações de painéis luminosos. São corações pulsantes das cidades, pontos de encontro entre criatividade, tecnologia e cultura. E, se você olhar com atenção, eles contam uma história poderosa sobre transformação.
Segundo a Teoria da Janela Quebrada, ambientes que demonstram cuidado e organização desencadeiam comportamentos positivos. Quando uma janela quebrada é consertada rapidamente, passe a mensagem daquele espaço importante – e, com isso, crie um ambiente onde as pessoas se sintam seguras, respeitadas e parte de algo maior.
Agora, pense nos distritos de mídia! Antes de Times Square se tornaria o epicentro da energia nova-iorquina, era um lugar degradado, com ruas que muitos evitavam. Com planejamento, criatividade e investimentos em OOH (out of home), ela se tornou um ícone global. Hoje, a Times Square recebe milhões de turistas por ano e gera uma economia bilionária para a cidade. Isso não é magia; é a força de como um ambiente visualmente impactante pode transformar um local.
A publicidade exterior, em seus formatos mais tecnológicos e criativos, é muito mais do que uma ferramenta para marcas. Ela é uma conversa do progresso das cidades. Cidades que valorizam o OOH entendem que ele é, ao mesmo tempo, um espelho e uma vitrine. Ele reflete a inovação, o dinamismo e a pulsação da vida urbana. E, ao mesmo tempo, é uma vitrine que conecta as pessoas com o que há de mais novo e relevante – desde grandes marcas até manifestações artísticas.
Piccadilly Circus, em Londres, é um exemplo claro disso. Os cruzamentos, com seus painéis que dialogam com o público em tempo real, é muito mais do que uma área de publicidade: é uma plataforma que projeta Londres como uma capital criativa, diversa e inovadora.
Já em Shibuya, Tóquio, a convergência de luzes, sons e movimento é uma celebração da vida urbana. É um lembrete de que a publicidade OOH não é invasiva – ela é a trilha sonora visual das cidades que não dormem, que sonham alto e que inspiram o mundo.
Agora, o Brasil entra no jogo com a criação dos distritos de mídia em Belo Horizonte, Curitiba e Niterói. Projetos ousados que prometem transformar quadras centrais em uma espécie de Times Square brasileira. Esses espaços serão muito mais do que centros de publicidade: serão palcos para o talento brasileiro, um ponto de convergência entre marcas, cultura e inovação.
A criação de um espaço vibrante e atraente como um distrito de mídia pode trazer benefícios que se espalham como ondas: mais turismo, mais movimento econômico, mais orgulho para os moradores e mais segurança natural pela ocupação positiva do espaço público. Esse movimento também já começa a ecoar em outras cidades: em Belo Horizonte, a revitalização da Praça Sete, símbolo do Hipercentro, avanço para transformar a região; o mesmo ocorre em Niterói (RJ), com a modernização da Avenida Ernani Amaral Peixoto, outro polo urbano com potencial para se tornar referência em comunicação e urbanismo inteligente.
Quando olhamos para os grandes distritos da mídia do mundo, percebemos que eles não são apenas alguns pedaços de cidade iluminados por LEDs. São símbolos de progresso, criatividade e do poder que as cidades têm de se reinventar.
Belo Horizonte, Curitiba e Niterói agora têm a oportunidade de dar esse salto. De criar um espaço que inspire, que atraia pessoas, que conecte marcas às histórias que queremos contar. Porque, no fim, distritos de mídia não são apenas sobre publicidade. São sobre imaginar o futuro e ter confiança de construí-lo.
E você, está pronto para enxergar nossas cidades brilhando com todo o seu potencial?
*Fabi Soriano – Diretora executiva da Central de Outdoor