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Naty Sanches

Erros calculáveis – A importância da preparação para imprevistos

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*por Naty Sanches

Há ainda hoje um grande engano ao envolver a comunicação apenas na etapa tática de um projeto. Um exemplo claro disso ocorre quando uma equipe desta disciplina é contratada ou acionada apenas durante a fase de divulgação ao invés de ser incorporada desde o início, na esfera estratégica, contribuindo na tomada de decisão inicial de uma marca ou ação específica. 

Gosto de afirmar que a comunicação deve estar presente desde o início, auxiliando na formulação de estratégias, explorando diferentes cenários e prevenindo contratempos, seja para uma organização, uma marca, um evento ou até mesmo uma personalidade. Engana-se quem acredita que a área é só “oba oba”. Sabe aquele colega que sempre pensa no pior? De certa forma, essa também é uma função do assessor de comunicação. Ele não quer colocar o projeto em risco, mas sim buscar avaliar diferentes cenários,  levantar os riscos e obstáculos para prever soluções e mitigar problemas potenciais. 

E para além de prever certas eventualidades, a equipe precisa também saber lidar com situações inesperadas. Desde uma mudança de planos de última hora até uma crise singular, é importante que tanto os profissionais da comunicação quanto o cliente estejam prontos para se adaptar, encontrar soluções rápidas e eficientes, além de pensar estrategicamente em como se apropriar da situação e reverter em oportunidades, afinal, é preciso pensar no futuro do negócio, não é mesmo? 

Nada como exemplos práticos

Vou falar sobre os “erros calculáveis” – desafios previsíveis que exigem uma equipe capaz de antecipar problemas e propor soluções antes que eles surjam. Demonstro aqui com exemplos fresquinhos de equipes de artistas internacionais para destacar como podemos nos inspirar na comunicação.

Você sabia que quem estava em casa assistiu ao show da Madonna pela TV Globo e seus canais afiliados com 12 minutos de atraso? Esse delay foi uma exigência da própria artista e de sua equipe, motivada por questões de emergência. O motivo? Caso acontecesse algum imprevisto durante o show ou uma situação de emergência, a equipe  da cantora conseguiria evitar que esse momento fosse exibido no sinal oficial da transmissão.

No entanto, esse contratempo acabou sendo uma saída (lembra que eu falei para nos apropriarmos da situação e transformá-la em oportunidade?) para os apresentadores do canal oficial do show brilharem, entreterem o público e transformarem o atraso em um acontecimento descontraído. Durante a transmissão, eles compartilharam histórias sobre a carreira da Madonna, mostraram imagens exclusivas do público, proporcionando uma visão envolvente do evento para quem não pôde estar lá pessoalmente. Além disso, conduziram entrevistas espontâneas com os fãs.

Essa situação nos ensina pelo menos duas lições: a primeira é sobre a importância da organização e do planejamento detalhado por parte da artista e sua equipe, que consideraram todos os possíveis cenários. A segunda é sobre a habilidade e experiência da equipe da Globo, que demonstrou estar preparada para lidar com imprevistos, tendo diversos planos alternativos para ocupar o espaço do atraso e manter o público engajado. Se apropriou e brilhou!

E ainda no contexto musical, porém um exemplo que ilustrou a falta de organização por parte da equipe foi o recente episódio envolvendo o artista Bruno Mars. Com uma turnê marcada pelo Brasil para o mês de outubro, as datas programadas para o Rio de Janeiro acabaram sendo suspensas pela Prefeitura da cidade. O motivo foi a proximidade das eleições municipais de 2024. Estamos aqui diante de um caso que mostra a importância de considerar cuidadosamente o contexto e o calendário local ao planejar uma agenda de shows, evitando contratempos desagradáveis, tanto para o artista como para os fãs.  Agora,  as apresentações do cantor na cidade foram reagendadas e a produtora afirmou que houve um “mal-entendido” com o governo municipal do Rio.

E agora trago ainda um exemplo particular. Tivemos uma experiência que une tudo que comentei acima sobre se adaptar e encontrar soluções rápidas e eficazes. Acompanhamos um cliente da casa em uma gravação de podcast. Além da sugestão e follow up, tivemos uma reunião prévia para apresentar a empresa e os porta-vozes à equipe do programa e para afinar os possíveis assuntos que poderiam ter conexão no momento. Briefing ok. No dia da gravação, recebemos o roteiro – o que foi um gesto gentil da produtora – porém minutos antes do “gravando” descobrimos que seria dado enfoque apenas a uma parte das mensagens pretendidas por nós.

Durante a conversa com a equipe do podcast, expliquei que nossos porta-vozes estavam preparados para abordar o tema proposto, mas que também poderiam discutir outras iniciativas em desenvolvimento, caso houvesse espaço. Como já tínhamos alinhado o assunto previamente, a equipe compreendeu e integrou os outros tópicos de forma fluida na discussão. 

Essa experiência exemplifica a importância da flexibilidade e da comunicação aberta com todas as partes envolvidas. Além disso, a preparação do cliente, análise de cenários, estabelecimento de relacionamentos sólidos com o espaço e gestão das expectativas de todos os envolvidos. E aí, como você planeja e executa a comunicação da sua marca?

 

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Naty Sanches

Todo mundo é mídia? Quando os colaboradores se tornam o maior ativo de Live Marketing das marcas

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*por Naty Sanches

Quem conta a história da sua empresa hoje: um comercial na TV, uma nota na imprensa ou o post de um colaborador no LinkedIn? Na economia da atenção, a resposta é simples: todos. A comunicação corporativa deixou de ser uma narrativa controlada por poucos canais oficiais e passou a ser um ecossistema vivo, construído diariamente por quem faz parte da organização.

Se antes a reputação estava restrita ao que saía em jornais e campanhas publicitárias, hoje ela também nasce (e se transforma) na timeline de cada funcionário. Uma foto espontânea da equipe nos Stories, um Reels celebrando uma conquista ou um comentário no LinkedIn sobre o clima interno carregam tanto poder de influência quanto qualquer conteúdo produzido pela área de marketing. A marca, nesse cenário, não é mais apenas institucional: ela é co-criada por seus colaboradores.

O conceito de funcionários-influenciadores não é mais tendência, é realidade. A pesquisadora Carol Terra, autora do recém-lançado livro “De funcionários a influenciadores: Por que ter programas de funcionários influencers vale a pena”, sintetiza bem esse fenômeno. Segundo ela, quando a marca reconhece seus profissionais como porta-vozes e oferece as condições certas para que comuniquem de forma alinhada à cultura da empresa, consegue transformar a experiência individual em reputação coletiva.

Isso porque, eles comunicam autenticidade, conhecimento de bastidores e vivência cultural da empresa e é justamente essa autenticidade, difícil de replicar em campanhas tradicionais, que dá força ao conteúdo gerado pelos funcionários.

E os números confirmam. Segundo pesquisa da Wifi Talents, posts compartilhados por colaboradores recebem até oito vezes mais engajamento do que os das redes sociais oficiais das empresas. O motivo? O público enxerga esses conteúdos como mais genuínos e confiáveis. Em um momento em que a confiança vale mais do que o alcance, apoiar a comunicação de quem já está “dentro de casa” pode gerar resultados expressivos, sem depender apenas de campanhas milionárias.

No Brasil, O Itaú criou os Itubers, grupo de funcionários que compartilham os bastidores do banco e já somam mais de 145 mil seguidores no Instagram. A iniciativa humaniza a instituição e aproxima o público de uma marca que, muitas vezes, poderia parecer distante. Nestlé, PepsiCo e Unilever: estruturaram programas formais de microinfluenciadores internos, treinando colaboradores com entre 10 mil e 50 mil seguidores para atuarem como embaixadores digitais. Além de fortalecer a reputação, essas empresas criaram uma rede de porta-vozes autênticos, capazes de dialogar com diferentes públicos de forma descentralizada.

O resultado vai além da imagem: empresas que investem em programas assim conseguem reduzir turnover em até 28% e cortar em 50% os custos por contratação, segundo levantamentos do setor.

Esses exemplos reforçam uma mensagem importante para o mercado de Live Marketing: a força de influência está dentro de casa. Mais do que contratar grandes nomes para campanhas pontuais, é possível engajar consumidores por meio das vozes autênticas de quem vive a cultura da marca no dia a dia.

Especializada em experiências de marca, a disciplina tem um terreno fértil para se beneficiar desse movimento. Eventos, ativações e campanhas que já contam com alto potencial de engajamento ganham ainda mais força quando compartilhados pelos colaboradores.

É um efeito cascata: da experiência presencial para a digital, da narrativa oficial para as micro-narrativas espontâneas.

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Naty Sanches

Visibilidade não é confiança! Criadores UGC como estratégia digital para marcas que desejam desenvolver conversas mais sinceras

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*Por Naty Sanches

No mercado digital, números viraram fetiche. Seguidores, curtidas e visualizações são tratados como sinônimo de sucesso. Só que essa lógica já derrubou muita marca em crises de reputação ao apostar em influenciadores apenas pelo alcance e não pelo alinhamento de valores. Afinal, quando a métrica é fake, a crise é real.

A boa notícia é que existe um caminho mais sustentável e ele passa pelo UGC (User Generated Content), ou, em bom português, o Conteúdo Gerado pelo Usuário. Diferente de influenciadores que constroem suas carreiras em torno da visibilidade, criadores UGC são pessoas comuns que produzem resenhas, reviews e experiências espontâneas sobre marcas e produtos. Essa simplicidade é justamente o que gera confiança.

De acordo com a Influencer Marketing Factory, 79% dos consumidores afirmam que criadores UGC impactam mais suas decisões de compra do que postagens de grandes influenciadores. Outros 84% consideram esse tipo de conteúdo “extremamente útil” para decidir o que comprar. Em um cenário saturado por campanhas ensaiadas e cortes virais, a autenticidade virou o ativo mais raro e mais valorizado.

Não à toa, marcas como a GoPro e a Sallve já fazem disso pilar estratégico. A primeira incentiva clientes a produzirem vídeos com suas câmeras, transformando consumidores em promotores. A segunda construiu sua base digital a partir de depoimentos reais de usuários sobre produtos. Nos dois casos, o UGC não apenas gerou engajamento: fortaleceu uma comunidade e consolidou reputação.

Esse movimento vai além das gigantes. A ferramenta TikTok Shop se tornou terreno fértil para pequenos e médios negócios crescerem com apoio de criadores UGC. Segundo pesquisa do portal Whop em 2024, 60% dos consumidores percebem esse formato como mais autêntico que qualquer outro. O resultado? 83% se dizem mais propensos a comprar de marcas que apostam em UGC, e 72% seguem ativamente empresas que utilizam essa estratégia.

Enquanto influenciadores de grande porte ainda são importantes para visibilidade, os criadores UGC oferecem algo que, no longo prazo, é ainda mais valioso: credibilidade. E é essa combinação que constrói campanhas robustas, capazes de gerar alcance sem abrir mão da confiança.

Porque no fim do dia, reputação é mais difícil de comprar do que cliques. A lógica do “quanto mais seguidores, melhor” já provou suas falhas: pode render resultados imediatos, mas também coloca marcas na mira de crises que custam caro em imagem e confiança. O UGC surge como contrapeso, lembrando que marketing não é só sobre falar mais alto, mas sobre ser ouvido com atenção e autenticidade.

Aplicar essa visão na prática exige um olhar mais cuidadoso para a escolha dos criadores: não basta analisar alcance, é preciso avaliar se os valores deles se alinham à identidade da marca. Também é essencial incentivar que os conteúdos produzidos mantenham a naturalidade e a espontaneidade características desse formato, em vez de engessá-los em roteiros publicitários. E, sobretudo, é estratégico combinar forças, usar grandes influenciadores para dar visibilidade e criadores UGC para gerar proximidade. Assim, a marca constrói narrativas complementares, capazes de engajar diferentes públicos e fortalecer sua reputação.

Investir nessa experiência do usuário não significa apenas “ter mais gente falando da marca”. Significa estimular uma comunidade engajada que valida, compartilha e multiplica experiências reais, gerando maior identificação com a audiência. Nesse movimento, a prioridade deixa de ser o número de seguidores, que é o que leva muitas marcas a caírem no erro ao escolher um embaixador ou influenciador, e passa a ser o relacionamento com o consumidor.

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