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Aprenda a usar o marketing sensorial a favor do seu e-commerce

*Renan Mota
Que atire a primeira pedra quem nunca reativou uma memória ou identificou algo peculiar por meio de imagens, sons, sabores, odores ou toques. Pois bem, os cinco sentidos do corpo são mais poderosos do que se imagina. Visão, tato, olfato, audição e paladar estão estritamente relacionados às experiências do ser humano. Sabendo disso, muitos empreendedores investem com tudo no marketing sensorial.
Afinal, hoje não vendemos apenas bens e serviços, mas também boas vivências de compra. O marketing sensorial surge, então, para despertar ao menos um dos cinco sentidos nos consumidores a fim de envolver uma customer experience de sucesso. Porém, no caso dos e-commerces, as estratégias são limitadas ao ambiente on-line. Por razões óbvias, tato, olfato e paladar ainda não podem ser explorados em sua plenitude no comércio eletrônico, entretanto, nada impede de instigar essas sensações com outros recursos que possibilitam aproximar a marca dos consumidores.
Em um mundo virtual cada vez mais competitivo, capturar a atenção dos usuários se tornou uma tarefa árdua. Por isso, apostar na personalização de compras ativando emoções mil é mais do que tendência – passou a ser uma estratégia certeira.
O marketing sensorial na prática
A ideia por trás de toda a tática que envolve o marketing sensorial é atingir o subconsciente do consumidor e fazê-lo tomar decisões baseadas em sensações e sentimentos. Sendo assim, no comércio eletrônico você pode:
Usar e abusar do poder da descrição
Essa dica é ainda mais essencial se o ramo de atuação é voltado a produtos alimentícios, fragrâncias ou objetos de uso pessoal. Caprichar na descrição dos produtos compensa a falta do tato, olfato e paladar. Descrever algumas características, como textura, consistência, sabor e aromas podem dar uma ideia do que a sua marca está oferecendo ao consumidor.
Investir em um design/layout atraente
Estudos indicam que leva cerca de 50 milissegundos (ou seja, 0,05 segundo) para os usuários formarem uma opinião sobre seu site que determina se eles gostam ou não, se vão ficar ou sair. Por isso, o visual do seu e-commerce é extremamente relevante. Atraia seus consumidores com um design agradável e personalizado de acordo com o estilo do negócio.
Criar playlists
Sons podem causar sensações agradáveis e até mesmo familiaridade com a marca. Nesse sentido, é interessante conhecer a fundo seu público-alvo para, por exemplo, montar uma playlist que é ativada durante a navegação pela loja.
Apostar em imagens de alta qualidade
As fotos dos produtos devem estar bem apresentáveis ao consumidor. Uma dica é disponibilizar algumas imagens com o produto em seu local de uso para proporcionar mais percepção.
Utilizar a realidade virtual e realidade aumentada
Tecnologias avançadas prometem potencializar o marketing sensorial nos e-commerces. Elas envolvem experiências práticas, reais, interativas e imersivas. Um bom exemplo pode ser uma marca de tinta ou de objetos decorativos que demonstram ao consumidor como determinada escolha ficará em sua casa – algo ainda mais impactante que fornecer apenas imagens em alta qualidade.
Como se vê, existem muito mais pormenores envolvidos em torno do assunto. Mais do que apenas otimizar as vendas e garantir boas experiências de compras, o marketing sensorial também é fundamental para a fidelização de clientes. Com recursos que ativam diferentes sentidos, sua marca lança mão de uma estratégia comprovadamente eficaz e, de quebra, ganha uma personalidade memorável frente ao mercado.
*Renan Mota – Co-CEO da Corebiz
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O produto virou ferramenta, o valor está no símbolo

*Vinicius Martinez
Durante anos, o mercado girou em torno do produto. O mundo mudou, e o consumidor mudou com ele. Hoje, o que define o desejo não é mais o que você vende, mas o que você representa, com quem você é conectado. O produto sozinho perdeu força e espaço para o símbolo, o que ele comunica, a comunidade que ele cria e o sentimento de pertencimento que ele desperta.
Agora é a conexão dos 4Cs: consumidor, custo, conveniência e comunicação. O poder saiu da prateleira e foi para o feed. O produto deixou de ser o fim e se tornou o meio de diálogo, de status, de identidade.
Campanhas social first cresceram justamente porque falam de gente, não de coisas. Elas criam comunidade, convidam o público para dentro e transformam consumidores em porta-vozes culturais. E quando a audiência vive a marca, o consumo acontece naturalmente. A nova influência é viva, espontânea e criativa.
A geração Z e os millennials não querem mais assistir a anúncios. Eles querem fazer parte da história. Os creators viraram marcas e as marcas viraram plataformas. Hoje o desafio diário é buscar profundidade de comunidade, posicionando narrativa e transmitindo propósito.
O mercado de comunicação vive uma fase de evolução e aprendizados diários. As fronteiras entre agência, consultoria, house e creator estão desaparecendo, integrando e tornando mais colaborativo o conteúdo final das entregas. Os players de mercado que entenderam isso estão se fundindo, se reestruturando e criando modelos híbridos, capazes de entregar estratégia, cultura e negócio na mesma mesa.
Não é sobre ser “de trade”, “digital” ou “publicidade”. É sobre resolver o problema real do cliente, com criatividade como ferramenta, dados como base e alinhamento estratégico de dentro para fora. O desafio está justamente em entregar campanhas de sucesso para um cenário 360 com o consumidor final.
O Brasil como laboratório cultural – O Brasil entende essa virada como poucos. Aqui, um drop vira conversa, um lançamento vira meme, uma collab bem feita vira comportamento social. Da febre do Labubu ao lifestyle de On, Lululemon e Yalo, o público busca símbolos que traduzam quem ele é ou quem gostaria de ser. O consumo automaticamente se adapta para uma forma de expressão, um reflexo de identidade. Por isso, não vendemos mais produto, vendemos símbolos que conectam pessoas e criam cultura.
Enfim, o produto é só o passaporte. O que vale é o que vem depois: a conversa, a experiência, o pertencimento. E quando o produto deixa de ser mercadoria e vira símbolo, ele ultrapassa o mercado e entra na vida das pessoas. A nova economia é movida por cultura, não por catálogo.
*Vinicius Martinez – Sócio-diretor da influência, agência do Grupo HÜK
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Agências independentes na contramão: autonomia em tempos de transformação

*Juliene Nigro
A Inteligência Artificial não está apenas transformando a operação das agências: está provocando um reposicionamento estrutural no mercado global. Durante a edição deste ano do Web Summit Lisboa, líderes como Tiffany Rolfe, diretora global de criação da R/GA, e Ajaz Ahmed, fundador da AKQA (agora Studio One), reforçaram um movimento que já vinha ganhando força: a volta das agências independentes ao centro do mercado
Após anos dentro das holdings, os executivos deixaram claro que estruturas hipercomplexas não acompanham mais o ritmo da tecnologia.
Por décadas, grandes grupos justificaram sua relevância por meio da economia de escala. Isso não se sustenta mais. A criatividade, agora com a IA, não prospera sob camadas de aprovação, processos engessados e medo, por parte dos colaboradores, de reestruturações constantes.
Com a IA, a automação e os novos fluxos, escala passou a ser definida pela qualidade das ideias, e pela capacidade tecnológica de amplificá-las. Não pelo tamanho da equipe.
Vivemos em um momento paradoxal: por um lado, há uma forte tendência de consolidação no setor de agências, fusões, aquisições, holdings cada vez maiores. Por outro, surgem vozes que afirmam que o crescimento não deve sacrificar a agilidade, a criatividade e a capacidade de adaptação.
A independência, nesse sentido, emerge como uma alternativa estratégica: não se trata apenas de “ser pequeno”, mas de ser livre para reinventar o próprio modelo de negócio.
Claro, o movimento não é isento de riscos. Manter-se independente exige disciplina financeira, governança sólida e visão clara para gerir o fundo de inovação. Há também a pressão por resultados novíssimos, não apenas para clientes, mas para investidores. E, mais ainda, existe o desafio cultural: mudar o mindset interno para operar sob novas regras de contratação, remuneração e performance.
O debate no palco do Web Summit Lisboa, neste ano, foi um manifesto. Um manifesto de que, na era da IA e da inovação contínua, as agências precisam mais do que tamanho: precisam de autonomia para decidir, testar e transformar.
Enquanto tantas apostam na consolidação, outras vão na contramão, acreditando que a verdadeira vantagem competitiva se constrói com liberdade, cultura ágil e visão de longo prazo.
É um movimento ousado, arriscado, mas cheio de significado: porque mostra que, para algumas agências, a independência não é apenas uma condição de mercado; é, sobretudo, uma estratégia de sobrevivência e relevância no futuro da criatividade.
* Juliene Nigro – Vice-presidente de operações da Mootag








