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Flávio Santos – Influência e negócio

Por Flávio Santos, CEO da MField
Já diz o ditado: “o mundo dos negócios tem as próprias regras”.
Verdade, não há como discutir. O ramo empresarial é quase uma esfera da sociedade que se isolou do todo. Tudo que acontece aqui, no nosso mundo, ecoa lá com ações e reações diferentes.
Há um tipo de postura que transcende essa barreira e fura de uma forma um tanto quanto inesperada o mercado empresarial trazendo uma nova forma de ser, existir, habitar e reagir, é a influência empresarial.
Muito provavelmente você já até reparou, mas o mercado está mudando, e digo isso em todos os sentidos. Não interessa onde você faz as suas compras do mês, seja em qualquer lugar do país ou estado, provavelmente irá encontrar uma concentração maior de produtos que se relacione a sustentabilidade.
Essa mudança acontece, pois o mercado empresarial entendeu que essa atitude além de ter um benefício sócio/ambiental, melhora a imagem das empresas e tem um impacto direto nas vendas, que isso por si, desempenha uma ação generalizada em que grandes marcas e produtores buscam adequar seus produtos a esta situação. Essa onda do bem criou uma influência empresarial de investir em ser sustentável.
Em outras palavras, o mundo dos negócios também lida com influência, e todos os comportamentos alteram drasticamente a forma de produzir, anunciar e vender, fazendo com o que o mercado empresarial se transforme em um propagador dos hábitos e costumes, e consequentemente, seja manipulado pelos mesmos.
Imagine que você precise comprar chocolate em pó. Se antes a escolha era por preço e marca, agora, há na escolha fatores muito importantes e que influenciam a sua decisão, fazendo que antes de esticar as mãos na gôndola do supermercado o cliente pense em preço, embalagem, relação com a empresa, se é um produto sustentável, e daí por diante.
Já que falamos do chocolate em pó, vamos usar como exemplo a Nestlé. A empresa com o passar dos anos entendeu muito bem as necessidades/influências do mercado e soube usá-las a seu favor.
A empresa hoje ocupa o terceiro lugar quando falamos de sustentabilidade, o que trás um valor agregado e torna-se um diferencial que pode definir uma compra.
E como tudo no ramo empresarial, essa conta precisa ser elevada a potência, mostrando um movimento universal em que marcas que agregam a seus produtos características que a sociedade julga como positivas, acabam tendo mais lucro.
Olhando todos esses conteúdos por uma outra ótica podemos ver o caso de produtos que são pensados para parcelas menores da população, como por exemplo, os celíacos. O que leva uma marca a investir em produtos voltados para este tipo de público que não corresponde a grande maioria dos consumidores?
Nicho, valor agregado e influência. Uma pessoa tende a consumir produtos que se mostrem mais diversos, e ter uma linha de produtos que de alguma forma acolha a diferença das pessoas e se mostre preocupada em atender essa parcela, cria o sentimento de uma marca de confiança, que se preocupa com as necessidades, e entre percepções, táticas de negócio, marketing e publicidade, e assim, nos deparamos justamente com a influência.
Sim, ela é uma carta que sempre aparece no baralho empresarial, pois faz o jogo rodar.
A influência no mercado empresarial deixou de ser característica e transformou-se em pilar de venda e de produto.
Hoje em dia, uma empresa que mostra ter visão de negócios, precisa também saber investir em mercadorias que usem uma imagem para apoiar os outros produtos da família, e assim garantir uma venda maciça para a marca.
Proponho um exercício para provar a minha teoria. Na sua próxima visita a um supermercado observe as embalagens, elas são a chave para perceber algumas questões e ações que parecem inocentes ou impensadas.
Imagine a sua marca favorita de maionese. Depois vá ao corredor onde está o produto e veja as embalagens dispostas. As grandes marcas normalmente têm embalagens semelhantes, pois isso indiretamente cria no consumidor a ideia de que são produtos de qualidade comparada, gerando assim, indiretamente, uma influência positiva que pode ser o que garanta que você leve o produto para casa.
E até mesmo a disposição de produtos extras nas gôndolas. Ao lado da maionese você terá o ketchup, batata palha e outros itens complementares a um braço de distância. Se isso não é uma forma de influenciar, com certeza é uma estratégia muito bem amarrada.
Essa atividade prática se aplica aos mais diferentes produtos e mercados. Um outro bom exemplo é a Ruffles que é vendida na versão tradicional em sacos, mas recentemente ganhou também a versão em tubo, assim como a sua concorrente Pringles (que tem a patente dessa embalagem). Essa ação com certeza não é somente atualização no branding de marca!
A influência na vida, nos supermercados e no ramo empresarial tem o mesmo grau de importância da influência digital. Ter características superiores ao concorrente e valor agregado ajudam a definir o consumo.
Seja no digital ou no ramo empresarial, não há como fugir. A influência precisa ser trabalhada, pois ela fecha negócios e alavanca ou desmorona produto.
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“Branding de legado: o que Alfred Nobel ainda ensina sobre reputação e propósito”

*David V. Bydlowski
Quando falamos em branding pessoal ou reputação de marca, a história de Alfred Nobel continua sendo um dos exemplos mais potentes, e talvez mais incômodos, de como memória e legado são construídos. O químico sueco, celebrado hoje como patrono do Prêmio Nobel, foi também o inventor da dinamite, descoberta que o tornou milionário no século XIX. Porém com a fortuna veio a culpa e a reputação sobre uma descoberta cujo impacto se estendeu a cenários de guerra.
O ponto de virada aconteceu por acidente. Após a morte de seu irmão, um jornal francês publicou, por engano, o obituário de Alfred Nobel. O título era devastador: “O mercador da morte está morto”. Naquele instante, Nobel teve um choque de reputação: percebeu que seria lembrado não como um cientista brilhante, mas como alguém associado à destruição.
Esse episódio ecoa fortemente no presente, pois foi com essa manchete que Nobel decidiu transformar o significado do seu nome, criando a nobre instituição pela qual hoje é lembrado. Trazendo ao universo digital dos dias atuais, percebe-se que não é mais apenas a imprensa que molda a narrativa, mas milhares de interações diárias. Se você não cuida da sua história, o público a escreve por você e nem sempre da maneira mais justa.
O obituário digital
Vivemos em um tempo em que a reputação não é construída apenas por campanhas sofisticadas ou slogans bem pensados, mas por rastros cotidianos: curtidas, posts, vídeos, comentários soltos, tweets deletados. Cada fragmento é uma peça que compõe o que se poderia chamar de “obituário digital”. Uma biografia coletiva e permanente, formada por aquilo que o mercado, os consumidores e os algoritmos interpretam e guardam sobre você ou sua marca.
A lição de Alfred Nobel é clara: branding não é só imagem. É herança. Reposicionar é mais que comunicar
Em vez de tentar apagar a associação com a destruição, Nobel escolheu outra estratégia: destinou 94% de sua fortuna à criação do Prêmio Nobel, uma instituição dedicada a reconhecer avanços da humanidade. Nem usou sua fortuna para tentar pagar jornalistas para escrever sobre sua história sob outra ótica. Criou propósito.
Esse gesto é um paralelo direto com as empresas que, hoje, ultrapassam o território do marketing de produto e constroem reputações ancoradas em ESG, impacto social e coerência narrativa de longo prazo. Não se trata de cosmética, mas de estrutura.
Para quem trabalha com comunicação, a reflexão é inevitável: SEO, redes sociais, vídeos e campanhas não são apenas ferramentas de performance. São instrumentos de memória. O que se publica hoje pode aparecer amanhã em um pitch, em uma negociação de M&A ou na decisão final de um consumidor.
O que a publicidade tem a ver com isso?
Tudo. Muitas marcas ainda operam sob a lógica do branding de ocasião, a resposta rápida à tendência, à crise ou ao algoritmo. Mas branding de oportunidade não sustenta branding de legado. E a consequência é clara: As empresas que constroem com intencionalidade, colhem os frutos por gerações.
Alfred Nobel nos lembra que reputação é menos sobre o que você vende e mais sobre o que você deixa. Cabe às marcas e às pessoas decidir se sua história será esquecível ou transformadora.
Em tempo: Nobel morreu em 10 de dezembro de 1896, em San Remo, na Itália. E hoje poucas pessoas sabem que ele foi também o criador da dinamite.
*David V. Bydlowski – Fundador e principal executivo da Rosh Digital, agência com foco em inovação digital e inteligência artificial.
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O que os “CEOs vendedores” podem ensinar às startups?

Claudio Santos*
Daniel Rosa*
Por muito tempo, o papel do CEO esteve restrito aos bastidores. Ele era o estrategista, o líder de equipe, o responsável por fazer a engrenagem girar, mas raramente aparecia para o público. Essa função, até poucos anos atrás, ficava com artistas, atletas ou influenciadores pagos para representar uma marca. Hoje, o jogo virou. O resultado? Em muitos casos, crescimento expressivo nas vendas e fortalecimento da imagem institucional.
Quando Elon Musk fala da Tesla ou para citar exemplos como Guilherme Benchimol, da XP, João Adibe Marques, da Cimed ou Luiza Trajano, do Magalu. Essa última criou até a Lu, imagem e semelhança da presidente do grupo que figura em praticamente todas as comunicações da marca. Todos esses exemplos mostram que não se trata apenas de marketing, é um convite para o consumidor participar da cultura da empresa.
Esse movimento também transformou a relação entre marcas e performance. Quando o fundador ou executivo assume a linha de frente, a confiança tende a crescer, e com ela, as vendas. Um estudo da Sprout Social mostra que 70% dos consumidores se sentem mais conectados com empresas em que os executivos são ativos nas redes, um dos motivos destacados entre as pessoas consultadas pela pesquisa é que sentem que a presença do CEO, há pessoas reais por trás da marca. E esse efeito é ainda mais forte em startups, onde a história pessoal do fundador se mistura com a identidade da empresa.
No universo das startups, no entanto, a exposição do CEO nem sempre acompanha o ritmo do crescimento. Muitas recebem grandes aportes, ampliam operações, mas falham em construir uma narrativa sólida. A falta de uma estratégia de marketing clara, que poderia ser sustentada pela presença e voz do fundador, faz com que percam relevância logo após o pico de capitalização. Ter um bom produto ou tecnologia já não basta, o público quer uma história, uma visão, alguém em quem acreditar.
O sucesso de marcas que apostaram em líderes carismáticos como rosto público mostra que essa é uma tendência que veio para ficar. CEOs deixaram de ser apenas
administradores e se tornaram influenciadores corporativos, peças-chave para traduzir a cultura e o propósito da empresa. No fim das contas, vender deixou de ser apenas sobre o que se entrega, e passou a ser, também, sobre quem entrega.
*Claudio Santos é presidente do Next Group, holding de 10 empresas com atuação no Brasil e em outros países como Portugal e Emirados Árabes. Também é especialista em estratégias de internacionalização e desenvolvimento de mercados globais.
*Daniel Rosa é CEO do Digitalks Indie Summit e especialista em mídia online e marketing estratégico. Foi sócio e consultor de mídia da Dainet Multimídia e atendeu grandes contas como Bayer, Kroton, C&A, Ypê e Bunge. Fundou em 2000 o portal ADNEWS e, mais recentemente, criou a SalesRush (2020), aceleradora de vendas B2B especializada no mercado publicitário.

			






